Um ensaio de lindas curvas sensuais frente à tristeza desoladora pode encantar de forma marcante ao percorrer os corredores de cemitérios
dos vários cantos do mundo. Estas obras de arte são palco de lágrimas de
adeus e nos mostram uma morte temida e ao mesmo tempo envolvente. É a
entrega da vida à morte, numa doce rendição.
A estranheza provocada pelo grande número de esculturas eróticas nos
cemitérios sempre intrigou os estudiosos do tema, pois nada parece mais
distante do prazer que a morte. O que foge à compreensão do observador
distraído é que os espaços cemiteriais não foram criados unicamente para
os mortos, mas também para os que ali enterraram os despojos daqueles a
quem amavam, e estes devem ser considerados com muito maior
meticulosidade.
A morte é algo inevitável, e o único antídoto contra a
angústia provocada pela sua inexorabilidade é a vida. Concentrar-se em
viver intensamente provoca alivio diante da dor provocada pela ciência
de que se vai morrer um dia. O erotismo surge aqui como uma válvula de
escape, uma fuga da morte, através da perpetuação da vida.
Cemitérios de todo o mundo são palco de uma variedade artística tão
intensa, apesar do lado fúnebre, que nos fazem enxergar a morte com
olhos mais atentos ao detalhe, temerosos e apaixonados. Em meio a essa
atmosfera de dúvidas e incertezas, rodeada de flores cheirando a
despedida, somos rodeados por esculturas feitas em granito, mármore e
bronze, e muitas delas são dotadas de uma sensualidade intrigante. Cenas de nudez são dispostas de forma singular, denotando uma gama de sensações e sentimentos profundos.
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