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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Sensualidade e o Erotismo nos Cemitérios


Um ensaio de lindas curvas sensuais frente à tristeza desoladora pode encantar de forma marcante ao percorrer os corredores de cemitérios dos vários cantos do mundo. Estas obras de arte são palco de lágrimas de adeus e nos mostram uma morte temida e ao mesmo tempo envolvente. É a entrega da vida à morte, numa doce rendição.



A estranheza provocada pelo grande número de esculturas eróticas nos cemitérios sempre intrigou os estudiosos do tema, pois nada parece mais distante do prazer que a morte. O que foge à compreensão do observador distraído é que os espaços cemiteriais não foram criados unicamente para os mortos, mas também para os que ali enterraram os despojos daqueles a quem amavam, e estes devem ser considerados com muito maior meticulosidade.


A morte é algo inevitável, e o único antídoto contra a angústia provocada pela sua inexorabilidade é a vida. Concentrar-se em viver intensamente provoca alivio diante da dor provocada pela ciência de que se vai morrer um dia. O erotismo surge aqui como uma válvula de escape, uma fuga da morte, através da perpetuação da vida.
Cemitérios de todo o mundo são palco de uma variedade artística tão intensa, apesar do lado fúnebre, que nos fazem enxergar a morte com olhos mais atentos ao detalhe, temerosos e apaixonados. Em meio a essa atmosfera de dúvidas e incertezas, rodeada de flores cheirando a despedida, somos rodeados por esculturas feitas em granito, mármore e bronze, e muitas delas são dotadas de uma sensualidade intrigante. Cenas de nudez são dispostas de forma singular, denotando uma gama de sensações e sentimentos profundos.



Mulheres nuas são cobertas por finos tecidos, sob os quais se deixam notar curvas de sensualidade aflorada, seios e pernas bem delineados, uma certa pureza perante a morte. Um cenário de escancarado flerte entre a vida e a morte, onde a nudez representa um estado de entrega perante o desconhecido, lugar onde não se admitem mantos e máscaras. E no lugar que faz jus à expressão “do pó vieste e ao pó retornarás”, a ausência de roupas é mais do que explicada.
 

Rendição é a palavra. Nas faces distribuídas pelo cemitério, nos comovemos pelas expressões de tristeza, depressão, abnegação, súplica, indignação, lamento e angústia. Um estado de inércia e prostração frente à impossibilidade de alterarmos o fato de que nunca conseguiremos vencer a morte.

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